Um lago chamado Brasil

Texto de Rogerio Chequer.

Há alguns dias, fui perguntado por uma jornalista se o Brasil havia melhorado com o
impeachment. Respondi que sim. Ela insistiu: mas mesmo com tudo que tem acontecido? Respondi novamente que sim. E isso me remete a uma metáfora, a limpeza de um lago.
Diz-se que a melhor forma de se limpar um lago é começar removendo a maior pedra. Aquela que se sobressai pelo tamanho e ocupa enorme volume. O problema é que, quando essa grande pedra é removida, o nível da água baixa, revelando muitas outras pedras Lago Brasilmenores que não eram visíveis até então.

É como vejo o Brasil de hoje. O governo lulopetista e seus inúmeros aliados dominaram a máquina pública, roubaram o que encontraram pela frente, destruíram a economia, a renda e os empregos dos brasileiros, sequestraram o Estado.
Tirada a maior pedra do lago, veio à tona uma miríade de outros problemas gravíssimos, que corroem os poderes e as instituições da República. O lago tem hoje uma vastidão de pedras, por toda parte, a perder de vista. Pedras que já estavam lá, que sentíamos quando caminhávamos no lago, mesmo sem vê-las. E que agora, sob a luz da Lava Jato, se revelam maiores e mais numerosas do que podíamos imaginar. Os problemas que emergem se misturam aos antigos.

Mas há algo em comum entre eles: seus personagens. Uma casta de políticos que sugam o Estado e a sociedade. Nomes que estão no poder há décadas, passando-o para seus filhos, parentes e apadrinhados. Sanguessugas do futuro que, comprovadamente, transformam mandatos legislativos, executivos e judiciários numa máquina perene para gerar riqueza e poder para si mesmos. Estão fazendo isso enquanto você lê esse artigo. E o farão indefinidamente enquanto não forem interrompidos, seja pela Justiça, seja pela sociedade.
Como os personagens não são novos, conhecemos bem as dinastias políticas brasileiras, a novidade vem nos planos inescrupulosos e cada vez mais audaciosos que eles querem nos enfiar goela abaixo. Anistia, foro privilegiado, e um abusado projeto de abuso de autoridade, todos com o único e simples objetivo de se proteger da Justiça que está em seu encalço. Querem voto em lista fechada e mais uma montanha de dinheiro, dos impostos que pagamos, para que possam se reeleger. Os partidos grandes unidos em torno de interesses pessoais comuns, criam assim uma nova grande pedra. E estão prontos para colocá-la no lago.

Se permitirmos elevarem novamente o nível da água, será praticamente impossível, por mais algumas gerações, fazer a limpeza necessária nas outras pedras. Os mesmos velhos caciques e suas famílias continuarão a dominar os poderes e fazer as leis que os protegem e os enriquecem. Afogarão a democracia brasileira. E isso cabe a nós não permitir.

Post (303) – Abril de 2017

Prece da Experiência – Bem humorada

– Ó Senhor, tu sabes melhor do que eu que estou envelhecendo a cada dia;
– Sendo assim, Senhor, livra-me da tolice de achar que devo dizer algo, em toda e qualquer ocasião.

– Livra-me, também deste desejo enorme que tenho de querer pôr em ordem a vida dos 11outros.

– Ensina-me a pensar nos outros e ajudá-los, sem jamais me impor sobre eles, mesmo considerando, com modéstia, a sabedoria que acumulei e que penso ser uma lástima não passar adiante. (Esta é ótima, não?)

– Tu sabes Senhor, que desejo preservar alguns amigos e uma boa relação com os filhos, e que só se preserva os amigos e os filhos… Quando não há intromissão na vida deles…

– Livra-me, também, Senhor, da tolice de querer contar tudo com detalhes e minúcias e dá-me asas no assunto para voar diretamente ao ponto que interessa.

– Não me permita falar mal de ninguém;
– Ensina-me a fazer silêncio sobre minhas dores e doenças;
– Elas estão aumentando e, com isso, a vontade de descrevê-las vai crescendo a cada dia que passa.

– Não ouso pedir o dom de ouvir com alegria a descrição das doenças alheias… Seria pedir demais;
– Mas, ensina-me, Senhor, a suportar ouvi-las com alguma paciência.

– Ensina-me a maravilhosa sabedoria de saber que posso estar errado em algumas ocasiões;
– Já descobri que pessoas que acertam sempre são maçantes e desagradáveis.

– Mas, sobretudo, Senhor, nesta prece de envelhecimento, peço: Mantenha-me o mais amável possível.

– Livrai-me de ser santo, é difícil conviver com santos;
– Mas um velho ou uma velha rabugentos, Senhor, ninguém merece!  Me poupe!
– Amém!

Aqui entre nós, esta prece é bastante boa, (comentou um amigo e colaborador)…
– O que nos leva a pensar naqueles que de uma forma ou outra precisam dos nossos modestos conhecimentos… Os quais relutamos em compartilhar….Brincadeirinha… Só para permanecer no espírito da prece….

Post (298) – Janeiro de 2017

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