O pão e a manteiga

Pão com mantega3Post(0080)

Nossa tendência é sempre acreditar na famosa “Lei de Murphy”:  “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará”. Eis uma interessante história a respeito:
Um homem tomava relaxadamente seu café da manhã. De repente, o pão onde acabara de passar manteiga caiu no chão.
Qual foi sua surpresa quando, ao olhar para baixo, viu que a parte onde tinha passado a manteiga estava virada para cima! O homem achou que tinha presenciado um milagre: animado, foi conversar com seus amigos sobre o ocorrido – e todos ficaram surpresos, porque o pão, quando cai no solo, sempre fica com a parte da manteiga virada para baixo, sujando tudo.
“Talvez você seja um santo”, disse um. “E está recebendo um sinal Divino”, disse outro.

A história logo correu na pequena aldeia, e todos se puseram a discutir animadamente o ocorrido: como é que, contrariando tudo o que se dizia, o pão daquele homem tinha caído no chão daquela maneira? Como ninguém conseguia encontrar uma resposta adequada, foram procurar um mestre que morava nas redondezas, e contaram a história.

O Mestre pediu uma noite para rezar, refletir, pedir inspiração Divina. No dia seguinte, todos foram até ele, ansiosos pela resposta.

“É uma solução muito simples”, disse o mestre. “Na verdade, o pão caiu no chão exatamente como devia cair; a manteiga é que havia sido passada no lado errado”.

Texto postado originalmente por Paulo Coelho – NG Canela – 16 Julho 2010

– Sempre existe a possibilidade de você estar certo. (NG).




As aventuras de um messias indeciso

Post (0070)+Vídeo

Richard Bach Ilusõespiloto, escritor. Sua obra mais conhecida é “Fernão Capelo Gaivota”.
O livro “Ilusões” é sobre um piloto ambulante que voa em antigo biplano sobre os campos de milho no Centro-Oeste Americano. A ele inesperadamente se juntou nesta viagem solitária a outra pessoa que fazia a mesma coisa, Donald Shimoda. No entanto, rapidamente se torna evidente que há algo de anormal em Shimoda. Seu avião apesar de muito antigo aparece ser novo de fábrica, não tem tecido rasgado, sem manchas de óleo, nem mesmo a palha de passageiros que levam para passear, dentro da aeronave. O encontro não foi um acidente, Donald foi espécie de mentor de Richard. Dele recebeu um pequeno livro: ” Manual do Messias, lembretes para uma alma avançada.” , entorno do qual gira este post.
O que Bach faz é usar a história de um mentor de relacionamentos como um quadro para a apresentação de sua concepção de vida. Em Ilusões, sua premissa é que a própria vida é uma ilusão, que somos seres em realidade espirituais, e não seres de substância material.
É uma leitura alegre que pode ser concluído em uma tarde. O elemento mais profundo do livro é uma pequena parábola contida no prólogo, eis:

“Uma vez havia uma aldeia de criaturas no fundo do leito de um grande rio cristalino…

A corrente do rio passava silenciosamente por cima deles, jovens e velhos, ricos e pobres, bons e maus, a corrente seguindo, o seu caminho, só conhecendo o seu próprio ser cristalino..

Cada criatura, a seu modo, se agarrava fortemente ás plantas e pedras do leito do rio, pois agarrar-se era o seu modo de vida, e resistir à corrente era o que cada um tinha aprendido desde que nascera…

Mas uma das criaturas disse, por fim:

– Estou farto de me agarrar. Embora não possa ver com meus próprios olhos, espero que a corrente saiba para onde está indo…

– Vou soltar-me e deixar que ela me leve para onde quiser. Se me agarrar, morrerei de tédio.

As outras criaturas riram-se e disseram:

– Louco! Se você se soltar, essa corrente que você adora o lançará despedaçado sobre as pedras e a sua morte será mais rápida do que a causada pelo tédio!…

Mas aquele não lhes deu ouvidos e, respirando fundo, soltou-se, e imediatamente foi lançado e despedaçado pela corrente sobre as pedras!

Mas com o tempo, como ele se recusasse a tornar a se agarrar, a corrente o levantou, livrando-o do fundo, e ele não se machucou nem se magoou mais.

E as criaturas mais abaixo no rio, para quem ele era um estranho, exclamaram: Vejam, um milagre! Uma criatura como nós, e, no entanto voa! Vejam, é o Messias que chegou para nos salvar!..

E aquele que foi carregado pela corrente disse:- Não sou mais Messias do que vocês. O rio tem prazer em nos erguer à liberdade, se ousarmos nos soltar. O nosso verdadeiro trabalho é essa viagem, é essa aventura!

No entanto, cada vez exclamavam mais: ‘- Salvador ! , enquanto se agarravam às pedras; quando tornaram a olhar, ele se fora, e eles ficaram sozinhos, inventando lendas sobre um Salvador”.

Do livro Ilusões de Richard Bach – NG-Canela – Julho de 2010

Se você preferir pode ativar a legenda em português.