A irracionalidade do automóvel

Post (0058)

– Muitos de nos vivemos em cidades travadas, onde usar a palavra trânsito é incidir numa contradição, afinal, tudo que não se faz é transitar.

– Repetimos à exaustão: “Por que não se investe em transporte coletivo?”.

– Periodicamente, as grandes cidades batem recordes de engarrafamento, tornando-se lugares altamente poluídos, torrando milhões e esvaziando tanques de combustível sem sair do lugar.
– O caso do transporte nas metrópoles demonstra como determinados conceitos culturalmente arraigados afirmam-se, contra toda racionalidade. Afinal, como justificar o privilégio conferido ao automóvel em políticas de transporte, em que uma única pessoa ocupa o espaço que poderia ser ocupado por muitas num ônibus ou metrô?

– A ideologia do sucesso individual, que leva as pessoas a associarem imediatamente o status social ao carro que possuem, se confunde com a falta de consciência do compartilhamento do espaço público.
– O que se questiona é o próprio sentido de cidadania. Afinal, compartilhar o rico e complexo espaço de uma cidade requer uma postura de respeito pela coletividade, e isso afeta, as escolhas que cada um faz na constituição de seus hábitos cotidianos.

– O avesso disto, que insiste em se reafirmar na realidade, são essas escolhas irracionais que, com máscara de solução individual, tornam-se uma condenação de todos à má qualidade de vida e ao desperdício de recursos. Sabemos que é tempo de mudar.

– Isto não é uma apologia ao abandono do automóvel, mas para que se racionalize o seu uso. Pense nisto durante a sua caminhada costumeiral.

Texto publicado Revista Fórum em junho de 2010 – Resumido – NC Canela – Setembro de 2010




Respeito

Post (0010)

– Aprenda a observar, toda a manhã a natureza te ensina o retorno da vida.Indio 1

Este conselho fazia parte da filosofia nativa de algumas tribos do oeste norte americano.
Para eles a observação da natureza era uma das mais importantes regras da vida.
Levando-os a um profundo conhecimento da influência dos ritmos e ciclos de todas as formas de existência, traduzida em lições que sobreviveram ao tempo.
O imenso respeito que dedicavam à vida fez com que buscassem o reencontro com os ensinamentos e fluxos da natureza e com o seu próprio mundo interior.
Observando o ciclo na natureza eles perceberam sua conexão com o todo em que tudo, absolutamente tudo, esta interligado e é inseparável, o visível, o invisível, o corpo e o espírito.
Podemos fazer afloraras verdades que estavam no nosso intimo observando:
– Os ciclos de dia e noite que nos falam da ação e do descanso;
– O ciclo das águas nos ensina que a vida corre para aquilo em que nos concentramos, bom ou ruim;
– A superioridade de alguns animais que é o exemplo que temos para tomar-mos emprestado as características necessárias para dados momentos;
– A água, a terra e o fogo mostram-nos os múltiplos temperamentos;
– A luz e a sombra que apontam para a dualidade de toda a existência;
– O plantio, a colheita, a imponência das matas; …
Se soubermos observar e perceber a natureza, compreenderemos toda a sabedoria nela inserida e transmitida pelos seus seres, pelo vento, pelo trovão pela chuva, pela …
Na natureza cada ser possui seu território, cada um respeita o seu espaço e que só são invadidos em situação extrema de sobrevivência.
Os ameríndios sabiam muito bem como usar este conhecimento.
O homem moderno perdeu-se ao estancar, com barreiras de um racionalismo excessivo, sua conexão com a natureza, chegando a dizer que isto é bobagem.
Deixando de perceber que ao sairmos de nosso espaço tornamo-nos hóspedes de algum espaço alheio.

Fonte: Texto original de Débora F. Paludo publicado em um jornal local – Resumido.
NG Canela – Maio 2009