Os Viajantes e a Árvore

A ArvorePost (0244)

Dois viajantes – pai e filho – exaustos, depois caminharem sob o escaldante sol do meio dia, decidiram descansar à sombra de uma frondosa árvore.

Após deitarem-se debaixo daquela refrescante e oportuna sombra, ao reconhecer que tipo de árvore era aquela, disse um deles:

“- Como é inútil esse Plátano![1] Não produz nenhum fruto, e apenas serve para sujar o chão com suas folhas.”

“- Criatura ingrata!”, disse uma voz vindo da árvore. “Você esta aqui sob minha refrescante e acolhedora sombra, e ainda diz que sou inútil e improdutiva?”

Moral da história:

Alguns homens menosprezam os melhores benefícios que recebem apenas porque nada tiveram que pagar por eles.

Nota[1] Plátano: espécie de árvore ornamental de grande porte.

Na França há muitas estradas arborizadas, com plátanos em sua maior parte plantadas no período das Guerras Napoleônicas. Napoleão efetivamente mandava plantar árvores ao longo das estradas por onde passava para proteger do calor e sol os seus exércitos quando eles se deslocavam para ir para as campanhas militares. No final da tropa vinham a cozinha, os mantimentos, o hospital e os plantadores de plátanos que iam fincado estacas ao longo do caminho, dos dois lados da estrada.
Já na mitologia grega o Plátano é o símbolo da regeneração, pois a sua casca se regenera por placas. Sua madeira serviu para construir o cavalo de Troia.

Fábula de Esopo – NG Canela – Janeiro de 2014




Os ratos e o guizo

O GuinzoPost (181)

Esta fábula é do tempo que os ratos falavam, há muito tempo atrás.
Certa feita os ratos se reuniram em um conselho para decidir a maneira de se virem livres de um gato que andava permanentemente a caça deles. O gato era muito experto, deslocava-se furtivamente, sem fazer barulho, e, quando atacava era mais rápido e mortífero do que um relâmpago.
Vários ratos expuseram as suas idéias, e a reunião prolongou-se pela noite a fora.
Nenhum dos planos sugeridos parecia aceitável, até que um rato muito novo pediu a palavra.
– Proponho – disse ele – que se pendure um guizo no pescoço do gato. E, assim cada vez que ele se mexer, o guizo toca e nos avisa do perigo, e ao ouvir o som teremos tempo de fugir.
Os outros ratos acharam que era uma ótima ideia e aplaudiram com entusiasmo. Então o Velho Rato que tinha ficado calado durante todo o tempo, levantou-se e disse com gravidade:
– É uma excelente proposta, e tenho a certeza de que vai dar resultado. Mas posso perguntar uma coisa.
– Sim, faça a pergunta, responderam em uma só voz vários ratos.
– Quem de vocês – disse o Velho Rato – vai pendurar o guizo no pescoço do gato?
Os ratos começaram a olhar uns para os outros, e não houve nenhum que se oferecesse para levar a cabo semelhante tarefa. Então o Rato Velho, concluiu dizendo:

– “É mais fácil ter ideias do que realiza-las”.

Fábula de La Fontaine – NG Canela – Dezembro de 2013