A vida sem celular

Celular 1Post (0222)+Vídeo

O meu celular foi furtado, conta Tom Coelho. Eu terminara de ministrar uma palestra e atendia a alguns participantes, quando alguém subtraiu o aparelho que estava dentro da minha mala executiva. Mais ainda, o meliante, também retirou da minha carteira todo o dinheiro exceto documentos e cartões.
Fui dar por conta do ocorrido uma hora depois. E, honestamente, gostaria de encontrar o protagonista para prestar-lhe toda a minha gratidão!

Simplicidade.
Após comunicar a operadora e bloquear o aparelho,  fui a um shopping para adquirir uma nova carteira. A minha não fora furtada, mas poderia tê-lo sido. E ao analisar seu conteúdo, desprovido de dinheiro, topei com diversos cartões bancários e de empresas, além de documentos de porte não obrigatório – para que carregar tudo isso?
Cheques não são mais utilizados, título de eleitor só tem serventia a cada dois anos, cartões de fidelidade podem ser acessados pelo CPF. Era preciso esvaziar aquela carteira que, de tão magra, precisou ser substituída.
Hoje só carrego a habilitação, o cartão do convênio médico, um cartão do banco. E isso nos conduz a uma importante reflexão: precisamos resgatar a simplicidade.

Estupidez corporativa.
A tarefa de repor o celular, parecia fácil, ao menos para mim, pois eu sabia exatamente o que desejava: o mais barato. Porém, no momento de fazer a habilitação, um problema: o serviço estava bloqueado.
Ocorre que quando fiz o plano corporativo, adquiri também um modem para acessar a rede através de meu notebook. Entretanto, o aparelho não funcionava. Ao acionar a operadora, insistiam que eu deveria procurar o fabricante do modem! Após quase um ano sem solução e pagando por um serviço que não utilizava, cancelei-o. Contudo, a operadora insistiu na cobrança gerando um débito indevido, despropositado e ilegal.
Dentro deste contexto, ou eu pagava por um débito injusto, ou não teria meu número de volta. Fiquei com a segunda opção, entrando para a restrita família “dos sem celular”.
Registre-se a incompetência da empresa de telefonia. Primeiro, ao não reconhecer e buscar solucionar o problema. Segundo, por obstar a habilitação do novo aparelho, perdendo receita e o cliente. Terceiro, por conquistar o direito a uma ação judicial. Não tem jeito: empresas continuam sendo péssimas amantes de seus clientes. Lutam para conquistá-los, mas não em mantê-los.
No celular adquirido habilitei um chip pré-pago. Hoje, mantenho o aparelho desligado, para utilização exclusiva em caso de emergência.

Liberdade.
Vamos deixar claro, adoro tecnologia e também aprecio demais a praticidade, a ponto de instalar uma fechadura digital só para não ter que usar chave para entrar em casa. Estamos nos tornando escravos cibernéticos, com uma dependência patológica da tecnologia.
Acho um despropósito ver como os smartphones tomaram conta do cotidiano, isolando as pessoas do mundo real, virtualizando as relações, minando o diálogo. E você sabe disso, pois está cansando de ver as corriqueiras cenas de pessoas em volta de uma mesa de bar sem conversar, apenas dedilhando em suas minúsculas telas.

– Viver sem celular fortaleceu meu instinto de planejamento, agora agendo compromissos, organizo-me para comparecer, saio com Celular 4antecedência ou comunico previamente um eventual atraso. Trouxe-me segurança e serenidade, pois não sou interrompido em reuniões ou quando estou no trânsito. Permitiu-me a liberdade de ser dono do meu próprio tempo e não refém das demandas de outrem. Ademais, proporcionou-me momentos de intimismo, quando fico imerso em meus próprios pensamentos.
Céticos de plantão e profissionais que notadamente dependem da comunicação instantânea e em tempo integral dirão que é balela.

E eu lhes direi que, ainda assim, precisam aprender a desligar seus dispositivos móveis algumas horas por dia para partilharem da companhia de familiares e de amigos – além de si mesmos.

Texto de Tom Coelho, resumido – NG Canela – Outubro de 2013




Mude

Post (0157)+Vídeo
– Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante do que a velocidade.
– Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa, mais tarde mude de mesa…
– Deixe o carro na garagem…Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua… Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa. Vá a outros cinemas, outros teatros, visite novos museus…
– Almoce em outros restaurantes, mais cedo, jante mais tarde,. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias , compre pão em outra padaria… Escolha outro mercado… Outra marca de sabonete, outro creme dental…
– Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os teus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Troque de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva versos e poesias. Jogue fora os velhos relógios. Use canetas de outras cores… Registre seus momentos…
– Tire uma tarde inteira para passear livremente no campo, ou no parque, e ouvir o canto dos pássaros.Tente ver o mundo de outras perspectivas. Tente de novo todo dia, o novo lado, o novo método, o novo sabor,o novo jeito, a nova vida…
– Durma no outro lado da cama, depois, procure dormir em outras camas da casa. Durma mais tarde, durma mais cedo… Tome banho em novos horários…
– Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda…
– Assista a outros programas de TV, compre outros jornais, leia outros livros… Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua…. Desligue o celular.. Abra conta em outro banco…- Grite o mais alto que puder no espaço vazio. Deixem que pensem que você está louco.
– Busque novas amizades… Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Seja criativo. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as…
– Aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas…
– Experimente coisas novas. Troque novamente.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia, a positividade que você está sentindo agora.
Texto de Edson Marques, resumido – NG Canela – Dezembro de 2011