Cérebro de pipoca

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Começa a se disseminar entre psicólogos americanos a expressão “cérebro de pipoca” para designar um distúrbio estimulado pela internet. É tanto estímulo ao mesmo tempo que se torna difícil para algumas pessoas lidar com o cotidiano, cujo ritmo é mais lento.

Uma informação em especial me chamou atenção, a partir de pesquisas realizadas em Stanford, a universidade que ajudou o Vale do Silício, um dos berços da revolução digital. Um psicólogo expôs a
jovens que usam muito a internet e estão habituados a fazer múltiplas tarefas ao mesmo tempo, fotos com as mais diferentes expressões de homens e mulheres. Notou-se que muitos deles não conseguiam traduzir aquelas expressões, revelando uma espécie de
analfabetismo digital e dificuldades graves de relacionamento.
O distúrbio do cérebro de pipoca é mais um fato para mostrar uma crescente preocupação sobre o excesso de informação: a dificuldade de separar o que é relevante.
Não é uma daquelas visões atrasadas contra o avanço tecnológico, mas a constatação de seus efeitos colaterais.
Texto de Gilberto Dimenstein, 53, é Membro do Conselho Editorial da Folha de São Paulo e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz.
NG Canela – Julho de 2011