Assim vai ser o nosso futuro!!!

Post (0144)

Teatro da vida.Cenário: O Cliente ao telefone e do outro lado da linha um atendente da Pizzaria.
Pizza Hut, boa noite!
Boa noite, quero encomendar Pizzas…
Pode-me dar o seu NIN? Pede o atendente
Sim, o meu Número de Identificação Nacional é o 6102 1993 8456 5463 2107.Obrigada Sr. Lacerda, agradece o atendente, O seu endereço é na Avenida Paes de Barros, 19, Apartamento 11, e o número do seu telefone é o 6159 4236, certo? O telefone do seu escritório na Liberty Seguros, é o 7574 5230 e o seu celular é o 5666 2566, certo?
Como é que conseguiram todas essas informações?
Porque estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.
Ah, sim, é verdade! Quero encomendar duas Pizzas: Uma “Quatro Queijos” e outra “Calabresa”, solicita o cliente.
Talvez não seja boa idéia…
O quê…?
Consta na sua ficha médica, continua o atendente, que o senhor sofre de hipertensão e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a saúde.
Claro! Tem razão! O que é que sugere?
Por que é que não experimenta a nossa Pizza Superlight, com Tofu e Rabanetes? O senhor vai adorar!
Como é que sabe que vou adorar? Quer saber o cliente.
O senhor consultou a página ‘Receitas Gulosas com Soja’ da Biblioteca Municipal, no dia 15 de Janeiro, às 14:27 e permaneceu ligado à rede durante 39 minutos. Daí a minha sugestão…
Ok, está bem! Mande-me então duas Pizzas tamanho família!
É a escolha certa para o senhor, a sua esposa e os vossos quatro filhos, pode ter a certeza.
Quanto custa? Quis saber o cliente.
São 49,99.
Quer o número do meu Cartão de Crédito?
Lamento, mas o senhor vai ter que pagar em dinheiro. O limite do seu Cartão de Crédito foi ultrapassado.
Tudo bem. Posso ir ao “Multibanco” levantar dinheiro antes que chegue a Pizza.
Duvido que consiga. A sua Conta de Depósito à Ordem está com o saldo negativo. Informa o atendente.
Meta-se na sua vida! Mande-me as Pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que entregam?
Estamos um pouco atrasados. Serão entregues em 45 minutos. Se estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que o senhor transportar duas Pizzas na moto, não é lá muito aconselhável. Além de ser perigoso…
Mas que história é essa? Como é que sabe que eu vou de moto?
Peço desculpa, mas reparei aqui que não pagou as últimas prestações do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga e então, pensei que fosse utilizá-la.
Foooddddddd…….!!!!!!!!! . Grita o cliente.
Gostaria de pedir-lhe para não ser mal educado… Não se esqueça de que já foi condenado em Julho de 2006 por desacato em público a um Agente Federal
(Silêncio do cliente).
Mais alguma coisa? Pergunta o atendente
Não. É só isso… Não. Espere… Não se esqueça de da Coca-Cola 2 litros da promoção.
Lamento, diz o atendente. O regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 095423/12, proíbe a venda de bebidas com açúcar a pessoas diabéticas…
Aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!! Vou atirar-me pela janela!!!!!
E torcer um pé? O senhor mora no térreo…!
Fecham-se as cortinas. Autor desconhecido – NG Canela – Outubro de 2011



E por falar em ladrões de galinhas…

Post (143)

“Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas e levaram para a delegacia.

– Que vida mansa, heim, vagabundo ? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para cadeia!
– Não era para mim não. Era para vender.
– Pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido!
– Mas eu vendia mais caro.
– Mais caro?
– Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.
– Mas eram as mesmas galinhas, safado.
– Os ovos das minhas eu pintava.
– Que grande pilantra…
Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.
– Ainda bem que tu vais preso. Se o dono do galinheiro te pega…
– Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Comprometi-me a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiro a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio, no caso, um ovigopólio.
– E o que você faz com o lucro do seu negócio?
– Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada e perguntou:
– Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
– Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
– E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
– Às vezes. Sabe como é.
– Não sei não, excelência. Explique-me.
– É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. Do risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora. Fui preso, finalmente. Vou para a cadeia. É uma experiência nova.
– O que e isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
– Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
– Sim, mas primário, e com esses antecedentes…”
Texto de Luiz Fernando Veríssimo – NG Canela – Outubro 2011