A espada de Dionísio

Post ( 0117)

Era uma vez um rei chamado Dionísio, monarca de Siracusa, a cidade mais rica da Sicília.Vivia num palácio cheio de requintes e criados. Naturalmente, por ser rico e poderoso, muitos invejavam a sua sorte. Damocles estava entre eles. Era dos seus melhores amigos e dizia-lhe frequentemente:

– Que sorte a sua! Você tem tudo que se pode desejar, é o mais feliz do mundo!

Dionísio foi ficando cansado de ouvir esse tipo de conversa. Assim, certo dia propôs ao amigo passar um dia apenas em seu lugar, como monarca, desfrutando de tudo aquilo. Este aceitou imediatamente com alegria.

No dia seguinte, Damocles foi levado ao palácio e os criados reais lhe puseram na cabeça a coroa de ouro, e o trataram como rei. Recostou-se em almofadas macias e sentiu-se o homem mais feliz do mundo.

– Ah, isso é que é vida! – Confessou a Dionísio, que se encontrava sentado à mesa, na outra extremidade.

– Nunca me diverti tanto.

Subitamente, Damocles empalideceu,enrijeceu-se todo. O sorriso fugiu-lhe dos lábios. Suas mãos estremeceram. Esqueceu-se da comida e da música. Só queria ir embora dali, para bem longe do palácio. Percebeu que pendia bem acima de sua cabeça uma espada, presa ao teto por um único fio de crina de cavalo. A lâmina apontava diretamente para sua cabeça. Ficou paralisado. Tentou levantar, mas não conseguiu, por medo de que a espada, pudesse lhe cair em cima.

– O que foi, meu amigo? Perguntou Dionísio. Parece que você perdeu o apetite.

– Essa espada! Disse o outro, num sussurro. Você não está vendo?

– É claro que estou. Vejo-a todos os dias. Está sempre pendendo sobre minha cabeça e há sempre a possibilidade de alguém ou alguma coisa partir o fio.Um dos meus conselheiros pode ficar enciumado e tentar me matar. As pessoas podem espalhar mentiras a meu respeito, para jogar o povo contra mim. Pode ser que um reino vizinho envie um exército para tomar-me o trono.Ou então, posso tomar uma decisão errônea . Quem quer ser líder precisa estar disposto a aceitar esses riscos. Eles vêm junto com o poder, percebes?

– É claro que percebo! Disse Damocles. Vejo agora que eu estava enganado e que você tem muitas coisas em que pensar além de sua riqueza e fama. Por favor, assuma o seu lugar e deixe-me voltar para a minha casa.

Até o fim de seus dias, Damocles não voltou a querer trocar de lugar com o rei, nem por um momento sequer.

Texto atribuido a Allan Kardec, com base em uma lenda grega e publicado pela Revista Espírita, de julho de 1858.

NG Canela – Janeiro 2011




O cavalo no poço

Post (0077)

– Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda. Um dia, seu capataz veio trazer a notícia de que um dos seus cavalos havia caído num velho poço abandonado. O fazendeiro foi rapidamente ao local do acidente, avaliou a situação, certificando-se de que o animal não se machucara, mas pela dificuldade e o alto custo de retirá-lo do fundo do poço, achou que não valeria a pena investir numa operação de resgate.
– Tomou então a difícil decisão:
– Determinou ao capataz que sacrificasse o animal, jogando terra no poço até enterrá-lo ali mesmo. E assim foi feito, os empregados, comandados pelo capataz começaram a jogar terra para dentro do buraco de forma a cobrir o cavalo.
– Mas à medida que a terra caía em seu dorso, o animal sacudia e ela ia se acumulando no fundo, possibilitando ao cavalo ir subindo.
– Logo, os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas ao contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que enfim, conseguiu sair.
– Sabendo do caso, o fazendeiro ficou muito satisfeito e o cavalo viveu ainda muitos anos servindo ao dono da fazenda.

Conclusão:

Se você estiver “lá embaixo”, sentindo-se pouco valorizado, quando, já certo de seu desaparecimento, os outros jogarem sobre você a terra da incompreensão, da falta de oportunidades e de apoio, lembre-se desse cavalo.
– Não aceite a terra que cai sobre você…
– Sacuda-a e suba sobre ela.
– E, quanto mais terra, mais você vai subindo…e aprendendo a sair do buraco…
– Pense nisso!

Texto de Lúcia Medeiros, exposto no Shopping Center de Recife em 14/11/1999 -NG Canela – Fevereiro de 2010