A arte de falar bobagens

A ignorância vem em primeiro lugar é ela que leva alguém a falar bobagem em público.  O sujeito desconhece o assunto, abre a boca e dá sua opinião superficial. É na praia da Bobagensignorância que nadam dezenas de influenciadores digitais.

burrice é outro ponto. O burro tem certeza de que sabe o que não sabe. E, pior, não aprende! Como dizia Nelson Rodrigues: A ignorância é o desconhecimento dos fatos e das possibilidades.

soberba é outro ponto, a manifestação de superioridade sobre outras pessoas, que tem a ver com orgulho, pretensão, arrogância, altivez e autoconfiança exagerada. Nesta praia, os da soberba também nadam muitos influenciadores digitais, mas mais ainda muitas personalidades da mídia.

estratégico é o que fala bobagem intencionalmente. Um exemplo disto são alguns comentaristas esportivos. Eles fazem questão de falar bobagens sobre times e torcidas, para agitar os ânimos e ganhar audiência. O pior é que conseguem.

A canalhice, por fim. O sujeito sabe que o que está falando é bobagem, e fala assim mesmo, na intenção de obter algum resultado. Esses são os piores, pois não têm a ingenuidade da ignorância ou da soberba, nem a intenção puramente pragmática do estratégico. São canalhas, querem vantagem para si e os outros que se explodam. É complicado lidar com eles. A má fé e a canalhice fazem parte do meio político do Brasil.

A arte de falar bobagem envolve ou ignorância, ou burrice, ou soberba, ou estratégia, ou canalhice. Da próxima vez que você se deparar com alguém falando bobagem, tente enquadrá-lo numa dessas categorias.

Baseado em um Texto de Luciano Pires

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Post (309) – Setembro de 2017




O cara

HF e o trabalho

Post (0252)

Em 2010, preparando uma palestra para a Ford, pesquisei para saber a visão e missão da empresa. Encontrei isto: “Uma só equipe, um só plano, um só objetivo – um carro Ford – crescimento lucrativo para todos.” Um quase slogan, evidentemente criado por um time de redatores publicitários. Mas também encontrei o que seria a visão/missão que Henry Ford, o fundador da Ford Motor Company, escreveu 93 anos antes, em 1917:

“Vou construir um carro a motor para as multidões (…) será tão barato que qualquer homem que tiver um bom salário será capaz de ter um deles e aproveitar com sua família a dádiva das horas de lazer nos grandes espaços criados por Deus (…) daremos a um grande número de pessoas empregos bem remunerados.”

Dá para entender a razão do sucesso de Henry Ford? Evidentemente os anti-capitalistas dirão que isso é conversa mole, que o que interessava era o dinheiro, etc e tal, mas me parece muito claro que Henry Ford não era só um industrial. Era um comunicador de primeira, que sabia como expressar suas ideias e mudou a história da humanidade em muitos campos, não apenas na indústria.

Mudou inclusive sua vida: você já parou pra pensar de onde veio a ideia de que devemos trabalhar oito horas por dia, cinco dias por semana? Quem terá inventado isso? – Henry Ford.

Durante a revolução industrial, com a construção das fábricas (que protegiam os trabalhadores das mudanças meteorológicas) e chegada da luz elétrica, a carga de trabalho dos empregados girava em torno de 10 a 16 horas. Foi nos anos 1920 que Henry Ford desenvolveu o conceito das linhas de montagem e mudou a realidade ao estabelecer turnos de trabalho de oito horas, cinco dias por semana, com dois dias de descanso. Curiosos para conhecer as bases científicas que inspiraram Ford, os jornalistas da revista World´s Work ouviram atônitos ele dizer em 1926:

– O lazer é um ingrediente indispensável num mercado consumidor em crescimento, porque os trabalhadores precisam ter tempo livre suficiente para encontrar utilidade para os bens de consumo, incluindo automóveis.

Ford constatara que as pessoas precisavam ter tempo para gastar o dinheiro que ganhavam, comprando os produtos da indústria florescente. A razão de reduzir a carga de trabalho era uma questão de negócios. Você trabalha oito horas por dia, cinco dias por semana, porque 100 anos atrás Henry Ford decidiu que você precisava ter tempo para gastar seu salário.

E 100 anos depois, continuamos atrás de “construir um carro para as multidões, tão barato que qualquer homem que tiver um bom salário será capaz de ter um deles e aproveitar com sua família a dádiva das horas de lazer nos grandes espaços criados por Deus.”

Henry Ford era o cara. Ou nós é que somos acomodados.

Texto de Luciano Pires – NG Canela – Fevereiro de 2014.