Síndrome da vítima

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Responsabilidade… Um dos valores mais respeitados dentro de uma sociedade, que pode ser vista como sinônimo de seriedade, de caráter, de hombridade. Encontra-se naquelas pessoas que cumprem seus deveres, ou melhor, naquelas que não fazem mais que sua OBRIGAÇÃO.
Mas é irônico, o modo como pode ser valorizada e igualmente nociva para uma mesma sociedade. Um bom exemplo disso inclui aquelas pessoas que não assumem seus atos – pessoas de nível baixo ou zero de responsabilidade – que indicam possíveis culpados e transferem descaradamente a responsabilidade para outros que nada tem a ver com a história. Assim, possuem diversas justificativas na ponta da língua: “Não é comigo”, “Eu fiz a minha parte”, “O problema são os outros”,” A culpa é do governo”, “Não há nada que eu possa fazer”… Essas e outras frases são típicas de quem não assume e sequer entende o conceito.
Mas é como a questão do respeito, depende de vários fatores: Cultura familiar, relacionamentos e influência de pais e amigos. Embora não seja difícil identificar as causas, considero a “Síndrome da vítima” o principal deles. Omitir-se, fazer-se de vítima, transferir a culpa, são armas de defesa daqueles que, sequer, tem valores. Estes, preferem se sentir insignificantes, dissimular, zoar, encontrar alguém para culpar em vez de exercitar a capacidade de assumir o controle sobre si mesmo e sobre suas ações.
No final da história, a culpa é da sociedade, do pedestre atropelado, do paciente inconformado, do leitor mal-informado, do infeliz desavisado… A culpa só não é do culpado.
Concluo que convém:
… Jamais esquivar-se da parte que lhe cabe do mundo, pois assumir a responsabilidade e aprender com os erros é coisa para gente evoluída, capaz de dar a volta por cima e disposta a aprender que os erros são parte do crescimento pessoal…
Texto de Carolina Geraldi – NG Canela – Janeiro de 2012



A coisa !!

a coisaPost (0133)
É importante saber o nome das coisas. Ou pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se tentando comprar um… Como é mesmo nome?
-Olá! Posso ajuda – lá de alguma forma?
-Sim! Com certeza! Acontece que eu gostaria de uma coisa… Um…Ora bolas! Não me recordo do nome da coisa… Entenda que me sinto muito constrangida nesta situação, mas é que preciso desesperadamente desta coisa!
-Sim, entendo, mas para que eu possa ajuda – lá preciso que descreva a coisa !
-Certo! Então preste atenção! É uma coisa tipo assim: Um pouco comprida, mas não muito! Meio redonda…
-Há mais alguma coisa sobre este, isto… Esta coisa, que possa se lembrar?
-Bom, sei também que no interior desta coisa há um tubinho menor onde você introduz outro e…
-COMO !?
-É, isso mesmo, você introduz outro tubinho dentro e coloca no… No… Está entendendo?
-Na medida do possível! Continue…
-O que estou querendo lhe dizer acho que o senhor não está entendendo.
-Estou me esforçando, mas…
-Mas não está sendo o suficiente!
-Esta bem, prossiga.
-Como eu ia dizendo… Onde eu estava mesmo? Ah, sim! Eu ia dizendo que você deve colocar a coisa no lugar que eu lhe disse…
-Acontece que a senhora não disse onde deve ser colocado a tal…
-ASSIM NÃO DÁ! Você quer faze o favor de não me interromper?
-Desculpe.
-Hunf… Você o coloca lá e ai enquanto você vai usando ele vai diminuído. Entendeu?
-Entendi.
-Então você compreendeu a urgência da situação!
-Sim, mas lamento informar que não trabalhamos com este tipo de… “Coisa”.
-Não!?
-Não. Talvez fosse mais adequado procurar uma farmácia, sabe? Ou… Algo parecido.
-Mas eu tenho certeza que… Ei! Espere ai! É daquilo que eu estou falando!
-Disto? Tem certeza? Um rolo de papel higiênico?
-Sim! Desculpe, mas não sou boa com descrições. Meio compridinho, mas não muito! Redondo e tem um tubinho de… de… papelão dentro! Daí, você passa um outro tubinho de plástico ou de outro material por dentro do outro tubo pra botar no… no… suporte no banheiro!
-Sim, mas é claro!
-Mas o senhor disse que não trabalhava com este tipo de coisa…
-Um pequeno equívoco senhora. Pensei que estivesse falando de outra coisa. Aqui está a sua compra, adeus, e volte sempre!

Texto de Carolina Geraldi, inspirado no texto de Luiz Fernando Veríssimo.

NG Canela – Julho de 2011. (0133)