A Cigarra e a Formiga

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VERSÃO CLÁSSICA:
– A Formiga trabalha todos os dias do verão sob um calor escaldante construindo a sua casa e a abastece com comida para o inverno.
– A Cigarra passa o verão rindo, dançando e brincando.
– Quando chega o inverno, a Formiga se refugia em sua casa onde tem tudo que precisa até a Primavera.
– A Cigarra sem comida ou abrigo, morreu de frio.
A seguir a VERSÃO EM UM CONHECIDO PAIS SUL AMERICANO:
– A Formiga trabalha todos os dias do verão construindo a sua casa e a abastece com comida para o inverno.
– A Cigarra passa seus dias dançando e brincando.
– Quando chega o inverno, a Formiga se refugia em sua casa onde tem tudo que precisa até a próxima Primavera.
– A Cigarra, sem comida ou abrigo, esta quase morrendo de frio e fome.
– O Gafanhoto, do “Movimento dos Sem Terra”, organiza uma coletiva em que pergunta por que a Formiga tem o direito à moradia e alimentação, quando outros menos afortunados, passam frio e fome.
– Uma rede de televisão no “Jornal das Oito”, mostra com muito sensacionalismo a Cigarra passando frio e calamidades, e também o vídeo da Formiga em sua casa agradável e acolhedora cheia de comida.
– A “Ordem dos Bispos” diz que isto é um exemplo de desigualdade social.
– A população esta surpresa que no país enquanto os pobres como a Cigarra sofrem, outros como a Formiga, vivem na abundância.
– Manifestações acontecem na “Praça dos Três Poderes”.
– Os jornais publicam uma série de artigos especulando de como a Formiga enriqueceu e instigam o governo a aumentar os impostos da Formiga, para que outros possam viver melhor.
– Respondendo a uma pesquisas de opinião, o governo produz uma lei sobre a igualdade econômica e direitos retroativos, anti-discriminação e cria um “Cartão Alimentação para as Cigarras”.
– Aumentam os impostos da Formiga e a “Receita Federal” a coloca na malha fina.
– A cigarra é contratado como “Assistente Parlamentar”.
– As autoridades confiscam a casa da Formiga, já que esta não tem dinheiro suficiente para pagar os novos impostos.
– A Formiga foge pela fronteira e instala-se com êxito, no Paraguai.
– A televisão mostra a história onde à Cigarra, obesa, acima do peso por ter comido tudo o que tinha muito antes da primavera chegar.
– A casa que era da Formiga torna-se “Albergue Social para Cigarras”, e deteriora-se por seus ocupantes nada fazem para mantê-la em bom estado.
– O governo é acusado de não suprir os meios necessários.
– É instituída uma “Comissão Parlamentar de Inquérito” para discutir e aprovar uma grande verba para as reformas e suprimentos solicitados pela “Defesa Civil” em caráter emergencial, sem licitação.
– Enquanto isso, a Cigarra morre de uma overdose e é enterrada como indigente.
– A mídia discute o fracasso do governo ao tentar corrigir os problemas das desigualdades sociais.
-A casa é ocupada por uma gangue de Aranhas drogadas.
– O Governo congratula-se por suas medidas contra a diversidade social.
Fábula traduzida, resumida e adaptada – NG Canela – Maio de 2011




O método científico e a pseudociência ou O dragão na minha garagem

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Um amigo lhe diz que descobriu um dragão na garagem da casa dele.

“Uau, isso é incrível! Vamos lá vê-lo!” você diz entusiasmado, já pensando nas manchetes dos jornais.
“Bem… isso não vai ser possível porque ele é invisível.”
“Você fala sério?!”, mas seu momentâneo desapontamento é logo substituído por uma excitação ainda maior, afinal você sabe que um dragão invisível é ainda mais incrível que um dragão qualquer.”A gente joga tinta nele então. E depois tiramos umas fotos.”
“Ahhh? Tinta? Bom… isso também não vai dar, pois este dragão é incorpóreo.”
“Incorpóreo?!!”
“Sim, incorpóreo, tipo um fantasma ou um ectoplasma.”
“Mas este dragão solta fogo? Pelo menos isso?”
“Sim, soltar fogo ele solta! Se bem que o fogo é invisível também.”
“Ta, não tem problema, a gente usa um visor de infravermelho pra ver este fogo invisível.”
“Mas o fogo deste dragão é um fogo frio, que está à temperatura ambiente, não vai dar pra sentir…”
“!!”

Você propõe mais uma dúzia de maneiras de detectar o dragão e seu amigo refuta todas elas dizendo que com este dragão não vai funcionar. Você começa a perder a paciência e, além de um pouco preocupado com a sanidade do seu amigo, fica imaginando qual a diferença entre um dragão que não pode ser detectado de nenhuma maneira e dragão nenhum:

“Então como você sabe que há realmente um dragão lá?!”

Seu amigo responde a esta pergunta com explicações confusas que misturam capacidade de se comunicar telepaticamente com o dragão, técnicas ancestrais milenares de detecção de dragões, instrumentos exóticos capazes de medir a “energia” de dragões, uso da intuição, etc., e encara o seu ceticismo como má-vontade em crer neste maravilhoso dragão-invisível-incorpóreo-que-cospe-fogo-frio.

Esta história é uma adaptação livre de um trecho do livro “O Mundo Assombrado pelos Demônios” de Carl Sagan e ilustra o típico pensamento pseudocientífico. De fato você não precisa ir muito mais longe para, usando a mesma analogia, imaginar pessoas que buscam soluções inspirados por dragões indetectáveis, ou que dizem curar usando a energia destes seres. Estas pessoas provavelmente acusarão os cientistas que não querem crer na existência de seus dragões de estreiteza de pensamento ou dirão que eles se negam a encarar as evidências porque temem que elas abalem sua forma ortodoxa de pensar.

A conclusão é que por mais que a ciência investigue o fenômeno não há evidências, ordinárias nem extraordinárias, obtidas através de um rigoroso método científico que suportem a existência do Dragão Invisível. Por isso, para a ciência pelo menos, ele é finalmente esquecido.

Texto de Widson Porto Reis, resumido – NG Canela – Maio de 2011