Para que servem as palavras

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– Para que servem as palavras ? – Servem, para sermos verdadeiros na publicação de nossas ideias. Para sermos honestos, transparentes e éticos. Através delas, damos permissão para o outro conhecer nosso mundo. Mas, se não é isso o que desejamos, servem também para simular, para dissimular, para enganar, para lesar e destruir.

– Alguns vocábulos, quando empregados inadvertidamente, prestam-se a mal-entendidos pelo desconhecimento de sua denotação, de sua etimologia ou do seu significado.Outros que se costumam utilizar grosseiramente como sinônimos, carregam sutis singularidades cuja atenção nos permite maior fidelidade na expressão de nossas ideias e no entendimento das alheias. Prestando-se frequentemente a mal-entendidos.

-Tem a linguagem a serventia de aprimorarmos o espírito, na medida em que nos empenharmos, respeitando e considerando nosso interlocutor, em expressar do modo mais claro possível o que de fato estamos pretendendo dizer. A linguagem clara e precisa é, um sinal de respeito.

– Temos de estar sempre refletindo a respeito de nossas ações e reações, para não ruirmos ao nos julgar, para mais ou para menos, seja caindo nas malhas da nossa vaidade, seja caindo na auto-depreciação – o que vem dar no mesmo – desde que vaidade e modéstia são duas faces de uma mesma moeda.

– Pode-se julgar equivocadamente que a preocupação com a precisão da linguagem seja um preciosismo e que pouca importância prática terá no dia-a-dia. Afinal, de qualquer modo as pessoas não se entendem e os mundos pessoais tornam-se isolados pela falta de comunhão de ideias, pois as ideias precisam da linguagem para ser debatidas, trocadas, recriadas ou simplesmente recusadas. As ideias, por sua vez, alimentam a reflexão que nutre o espírito.

Texto de Jorge Rocha – Resumido, o que lastimo. Tive que cometer esta heresia para poder publicá-lo dentro do espaço do Blog – NG Canela – Julho de 2010




As aventuras de um messias indeciso

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Richard Bach Ilusõespiloto, escritor. Sua obra mais conhecida é “Fernão Capelo Gaivota”.
O livro “Ilusões” é sobre um piloto ambulante que voa em antigo biplano sobre os campos de milho no Centro-Oeste Americano. A ele inesperadamente se juntou nesta viagem solitária a outra pessoa que fazia a mesma coisa, Donald Shimoda. No entanto, rapidamente se torna evidente que há algo de anormal em Shimoda. Seu avião apesar de muito antigo aparece ser novo de fábrica, não tem tecido rasgado, sem manchas de óleo, nem mesmo a palha de passageiros que levam para passear, dentro da aeronave. O encontro não foi um acidente, Donald foi espécie de mentor de Richard. Dele recebeu um pequeno livro: ” Manual do Messias, lembretes para uma alma avançada.” , entorno do qual gira este post.
O que Bach faz é usar a história de um mentor de relacionamentos como um quadro para a apresentação de sua concepção de vida. Em Ilusões, sua premissa é que a própria vida é uma ilusão, que somos seres em realidade espirituais, e não seres de substância material.
É uma leitura alegre que pode ser concluído em uma tarde. O elemento mais profundo do livro é uma pequena parábola contida no prólogo, eis:

“Uma vez havia uma aldeia de criaturas no fundo do leito de um grande rio cristalino…

A corrente do rio passava silenciosamente por cima deles, jovens e velhos, ricos e pobres, bons e maus, a corrente seguindo, o seu caminho, só conhecendo o seu próprio ser cristalino..

Cada criatura, a seu modo, se agarrava fortemente ás plantas e pedras do leito do rio, pois agarrar-se era o seu modo de vida, e resistir à corrente era o que cada um tinha aprendido desde que nascera…

Mas uma das criaturas disse, por fim:

– Estou farto de me agarrar. Embora não possa ver com meus próprios olhos, espero que a corrente saiba para onde está indo…

– Vou soltar-me e deixar que ela me leve para onde quiser. Se me agarrar, morrerei de tédio.

As outras criaturas riram-se e disseram:

– Louco! Se você se soltar, essa corrente que você adora o lançará despedaçado sobre as pedras e a sua morte será mais rápida do que a causada pelo tédio!…

Mas aquele não lhes deu ouvidos e, respirando fundo, soltou-se, e imediatamente foi lançado e despedaçado pela corrente sobre as pedras!

Mas com o tempo, como ele se recusasse a tornar a se agarrar, a corrente o levantou, livrando-o do fundo, e ele não se machucou nem se magoou mais.

E as criaturas mais abaixo no rio, para quem ele era um estranho, exclamaram: Vejam, um milagre! Uma criatura como nós, e, no entanto voa! Vejam, é o Messias que chegou para nos salvar!..

E aquele que foi carregado pela corrente disse:- Não sou mais Messias do que vocês. O rio tem prazer em nos erguer à liberdade, se ousarmos nos soltar. O nosso verdadeiro trabalho é essa viagem, é essa aventura!

No entanto, cada vez exclamavam mais: ‘- Salvador ! , enquanto se agarravam às pedras; quando tornaram a olhar, ele se fora, e eles ficaram sozinhos, inventando lendas sobre um Salvador”.

Do livro Ilusões de Richard Bach – NG-Canela – Julho de 2010

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